Ibagué: capital musical da Colômbia desperta talentos


Ibagué: capital musical da Colômbia desperta talentos

Confesso que quando o meu amigo colombiano me sugeriu Ibagué, a minha primeira reação foi… onde é que fica isso mesmo? E logo a seguir: “Não é melhor irmos para Cartagena ou Bogotá?” Estava eu com os meus preconceitos de turista típico, à procura dos destinos óbvios, das cidades que aparecem em todas as listas de “must-visit”. Mas o Miguel insistiu: “João, confia em mim. Se gostas de música, este é o sítio.”

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A verdade é que eu não sou propriamente um entendido em música. Ouço de tudo um pouco, mas nunca me considerei alguém com ouvido musical apurado. Por isso, quando ele me falava do Festival Nacional de la Música Colombiana e de Ibagué ser a “capital musical” do país, eu pensava: “Está bem, deve ser giro, mas será que vale mesmo a pena?” A minha preocupação principal era que fosse apenas mais uma cidade pequena com pouco para oferecer a um turista europeu habituado a ritmos mais acelerados.

Que erro colossal o meu. Enquanto escrevo isto, três semanas depois de ter regressado, ainda consigo ouvir aquela melodia de bambuco que me acompanhou durante toda a estadia. Foi numa tarde de março, quando caminhava sem rumo pelo centro da cidade, que ouvi um som vindo de uma rua lateral. Não era música gravada – era ao vivo, improvisada, autêntica. Um grupo de jovens músicos ensaiava numa garagem aberta, e eu fiquei ali plantado durante quase uma hora, completamente hipnotizado.

Foi nesse momento que percebi que tinha chegado a um lugar especial. Não era só uma cidade com tradição musical; era um lugar onde a música respira em cada esquina, onde os talentos brotam naturalmente como se fossem parte da paisagem urbana. E o mais incrível? Quase ninguém fala disto nos guias turísticos tradicionais.

A descoberta acidental da alma musical de Ibagué

Primeiro contacto com a realidade musical

Aterrei no aeroporto Perales numa manhã de março, com aquela ansiedade típica de quem não sabe bem o que esperar. O aeroporto é pequeno, funcional, nada de especial. Mas foi no táxi a caminho do hotel que tudo começou a fazer sentido. O motorista, um homem na casa dos cinquenta chamado Carlos, tinha o rádio sintonizado numa estação local que passava música folclórica colombiana.

“¿Le gusta la música tradicional?” perguntou-me, notando que eu estava a prestar atenção. Quando lhe disse que vinha precisamente para conhecer melhor a cena musical de Ibagué, os olhos dele iluminaram-se. Durante os vinte minutos de viagem, transformou-se no meu primeiro guia musical não oficial. Explicou-me a diferença entre bambuco e pasillo, contou-me histórias dos grandes compositores tolimenses, e até me cantarolou algumas melodias.

Aqui fica a primeira dica prática que ninguém te conta: os taxistas em Ibagué são verdadeiros embaixadores musicais. Se mostrares interesse genuíno, muitos deles oferecem-se para te levar aos sítios onde realmente acontece música ao vivo. O Carlos acabou por me propor um “tour musical alternativo” por 50.000 pesos (cerca de 12 euros) – menos de metade do que custaria um tour oficial. Aceitei na hora, e foi uma das melhores decisões da viagem.

O Festival Nacional de la Música Colombiana – muito além das expectativas

Tinha chegado a Ibagué precisamente na altura do festival, que acontece todos os anos em junho. Confesso que estava um bocado ansioso com as multidões – não sou muito fã de eventos com milhares de pessoas, especialmente quando não conheço bem o local. Mas a minha preocupação rapidamente se transformou em deslumbramento total.

O festival não é apenas um evento; é uma celebração que toma conta de toda a cidade. Desde manhã cedo até altas horas da madrugada, há música em praticamente todos os cantos. Palcos principais, apresentações de rua, concertos improvisados em praças… é impossível escapar ao ritmo, e sinceramente, não há vontade nenhuma de escapar.

Uma descoberta importante: se estás a planear visitar durante o festival, compra os bilhetes entre março e abril. Eu quase cometi o erro de deixar para maio, mas felizmente o Miguel avisou-me a tempo. Os preços disparam e a disponibilidade torna-se muito limitada. Quanto ao alojamento, aqui vai uma dica que me salvou a vida: evita o centro histórico durante o festival. Fica no bairro La Pola, a cerca de 15 minutos a pé do centro. É mais sossegado, tens melhor relação qualidade-preço, e consegues dormir algumas horas entre concertos.

Falando em tecnologia – e isto é importante para quem, como eu, depende do telemóvel para tudo – descarrega a app oficial do festival antes de chegares. Tem mapas detalhados, horários atualizados em tempo real, e até permite criar o teu próprio itinerário personalizado. A única chatice é que consome muita bateria, por isso leva sempre um power bank. Aprendi isto da pior maneira quando fiquei sem bateria precisamente no momento em que queria gravar um grupo fantástico que descobri por acaso.

O que mais me impressionou foi a qualidade dos músicos. Não estamos a falar de artistas amadores ou de grupos folclóricos para turistas. São profissionais de alto nível, muitos deles formados no Conservatório del Tolima, que vêm de todo o país para participar. O nível técnico é impressionante, mas nunca perde aquela autenticidade que faz a música colombiana tão especial.

Roteiro musical autêntico – 3 dias que mudaram a minha perspetiva

Dia 1: Conservatório del Tolima e arredores

A manhã do meu primeiro dia completo em Ibagué começou com uma visita não planeada que se tornou no absolute highlight da viagem. Estava a caminhar pela Carrera 1 quando vi um edifício imponente com uma placa: “Conservatório del Tolima”. Por curiosidade, decidi espreitar.

O que descobri lá dentro foi extraordinário. O conservatório não é apenas uma escola de música; é o coração pulsante da formação musical em toda a região. Tive a sorte de chegar durante um ensaio aberto de uma orquestra de câmara, e fiquei completamente fascinado. Os estudantes, alguns com apenas 15 ou 16 anos, tocavam com uma técnica e uma paixão que me arrepiaram.

Conversei com alguns estudantes durante o intervalo, e foi aí que descobri algo que não encontras em lado nenhum online: às terças e quintas-feiras há aulas abertas ao público. Qualquer pessoa pode assistir, sem custo, a masterclasses de diferentes instrumentos e estilos musicais. Inicialmente pensei que precisava de autorização especial, mas a rececionista esclareceu-me que basta aparecer e inscrever-se numa lista.

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Durante a tarde, explorei os arredores do conservatório. A zona está cheia de pequenas lojas de instrumentos musicais, estúdios de ensaio, e cafés onde os estudantes se juntam para tocar informalmente. É aqui que realmente se sente o pulsar da vida musical da cidade, longe dos palcos principais e dos holofotes do festival.

Dia 2: Mercado musical e vida noturna real

O segundo dia começou no Mercado La 21, uma descoberta completamente acidental. Estava à procura de um sítio para tomar o pequeno-almoço quando me deparei com este mercado tradicional que tem uma secção inteira dedicada a instrumentos musicais artesanais.

Foi aqui que conheci o Don Alfonso, um artesão de 70 anos que fabrica tiples (uma espécie de guitarra pequena típica da música andina colombiana) há mais de 40 anos. Passou duas horas a explicar-me os segredos da construção destes instrumentos, as diferentes madeiras utilizadas, e até me deixou experimentar tocar alguns dos seus exemplares. A conversa com ele foi uma verdadeira aula de história musical colombiana.

Para o almoço, segui uma recomendação do Don Alfonso e fui ao restaurante “El Rincón del Bambuco”. Aqui está uma dica económica importante: evita os pratos “típicos para turistas” do menu principal. Pede o menu executivo – uma refeição completa por 15.000 pesos (cerca de 3,50 euros) em vez dos 25.000 pesos que pagas pelos pratos da carta turística. A comida é exactamente a mesma, mas pagas 40% menos.

Ibagué: capital musical da Colômbia desperta talentos
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O que torna este restaurante especial não é só a comida (que é excelente), mas o facto de ser frequentado por músicos locais. Durante o almoço, é comum haver pequenas jam sessions espontâneas. Vi guitarristas a juntarem-se a cantores que nem se conheciam, criando música na hora. É isto que faz de Ibagué um lugar único – a música não está confinada aos palcos; faz parte da vida quotidiana.

A noite foi dedicada a explorar a vida noturna musical real da cidade. Esquece os bares turísticos perto dos hotéis principais. Os locais vão para sítios como “La Tambora” ou “El Cuatro Cuerdas”, pequenos bares onde a música ao vivo acontece naturalmente, sem horários fixos nem programação oficial.

Dia 3: Parque Musical e reflexões

O último dia começou no Parque de la Música, um espaço verde no centro da cidade dedicado à memória dos grandes compositores tolimenses. É um lugar perfeito para uma manhã contemplativa, especialmente depois da intensidade dos dias anteriores.

O parque tem várias esculturas e monumentos, mas o que mais me impressionou foi um pequeno anfiteatro ao ar livre onde, aparentemente, acontecem concertos informais ao fim de semana. Sentei-me numa das bancadas e comecei a escrever algumas notas sobre a viagem no meu telemóvel. Foi nesse momento que publiquei uma foto no Instagram com a legenda “Descobrindo a alma musical da Colômbia”, que acabou por gerar dezenas de comentários de amigos curiosos sobre este destino pouco conhecido.

Uma coisa interessante: várias pessoas que comentaram a publicação disseram que nunca tinham ouvido falar de Ibagué, mas que ficaram com vontade de visitar depois de verem as minhas histórias. Isto fez-me perceber que há muitos destinos incríveis que passam despercebidos simplesmente porque não estão nas rotas turísticas mainstream.

Foi durante esta manhã de reflexão que percebi que Ibagué não é apenas um destino; é uma experiência transformadora. Não vens aqui para ver monumentos ou tirar fotos para o Instagram (embora também faças isso). Vens para sentir a música, para compreender como ela molda uma comunidade, para descobrir talentos que talvez nunca tenham a oportunidade de brilhar nos grandes palcos internacionais, mas que são absolutamente extraordinários.

Os talentos que realmente conheci (e como tu também podes conhecer)

Encontros não planeados que definiram a viagem

O encontro mais marcante da minha estadia aconteceu no Parque Centenario, numa tarde quente de março. Estava a descansar debaixo de uma árvore quando ouvi alguém a tocar guitarra perto do coreto. Aproximei-me e vi um rapaz, devia ter uns 20 anos, a tocar uma versão instrumental de “La Guabina Chiquinquireña” que me deixou de boca aberta.

Chama-se David, é estudante de música no conservatório, e tem um talento natural impressionante. O que mais me tocou foi a sua humildade. Quando lhe disse que achava a sua interpretação fantástica, ele sorriu e disse: “Ah, ainda estou a aprender. Aqui em Ibagué há muitos músicos muito melhores que eu.”

Esta conversa ensinou-me uma lição importante sobre a minha própria ignorância musical. Eu, que me considerava um apreciador de música, percebi que não sabia praticamente nada sobre os géneros tradicionais colombianos. Mas em vez de me sentir envergonhado, descobri que esta ignorância era na verdade uma vantagem. David e outros músicos que conheci ficaram encantados por terem alguém genuinamente interessado em aprender, e foram incrivelmente generosos a partilhar os seus conhecimentos.

Se queres ter experiências semelhantes, aqui vão algumas dicas práticas: os músicos de rua em Ibagué são geralmente muito acessíveis, especialmente durante a tarde (entre as 15h e as 18h). Aproxima-te com respeito, escuta primeiro, e só depois inicia conversa. Muitos falam inglês básico, mas um esforço para comunicar em espanhol é sempre apreciado.

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Em termos de segurança, nunca tive qualquer problema. Ibagué é uma cidade relativamente segura, especialmente nas zonas centrais durante o dia. Claro que é preciso usar o bom senso habitual – não andes com objetos de valor à vista, evita zonas isoladas à noite, e confia no teu instinto.

Escolas de música abertas ao público

Uma das descobertas mais valiosas foi perceber que várias escolas de música da cidade têm aulas abertas ao público. Além do Conservatório del Tolima que já mencionei, há a Academia de Música San Agustín e a Escuela de Música Popular, que também oferecem oportunidades para visitantes interessados.

Na Academia San Agustín assisti a uma aula de bambuco que foi uma verdadeira revelação. Em duas horas aprendi mais sobre este género musical do que em semanas de pesquisa online. O professor, Maestro Hernández, explicou não só as técnicas musicais, mas também o contexto histórico e cultural por trás de cada ritmo.

Aqui tenho de fazer uma correção ao que disse anteriormente: as aulas de bambuco não são às quintas, como inicialmente pensava, mas sim às quartas-feiras às 14h. Esta informação é importante porque há poucos lugares disponíveis para visitantes, e é preciso chegar cedo para garantir lugar.

O custo destas experiências é simbólico – geralmente entre 10.000 e 20.000 pesos (2 a 5 euros) por sessão. É uma forma fantástica de apoiar as instituições locais enquanto tens uma experiência educativa única.

Dicas práticas que ninguém te conta (mas deviam)

Logística musical inteligente

Navegar Ibagué durante eventos musicais pode ser um desafio se não estiveres preparado. O trânsito torna-se caótico, especialmente nas zonas próximas dos palcos principais, e encontrar estacionamento é praticamente impossível.

A solução que descobri foi usar a combinação de caminhada e táxi de forma estratégica. Fica alojado numa zona a 10-15 minutos a pé do centro (como o bairro La Pola que mencionei), e usa táxis apenas para distâncias maiores ou quando carregas instrumentos/equipamento pesado. Os táxis em Ibagué são baratos – raramente pagas mais de 8.000 pesos (2 euros) por uma viagem dentro da cidade.

Quanto ao alojamento, evita absolutamente os hotéis no centro histórico durante o festival. Além de serem mais caros, o ruído torna impossível descansar adequadamente. As melhores opções são as pousadas familiares nos bairros residenciais, onde pagas cerca de 80.000-120.000 pesos (20-30 euros) por noite por um quarto duplo com pequeno-almoço incluído.

Aqui está uma informação importante que mudou significativamente a partir de dezembro de 2024: os preços de alojamento durante o festival aumentaram cerca de 40% comparativamente aos anos anteriores. Isto deve-se ao crescimento da popularidade do evento, por isso planeia com ainda mais antecedência.

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Tecnologia e música em Ibagué

Em termos de apps úteis, além da app oficial do festival que já mencionei, recomendo vivamente o “Ibagué Cultural”. Tem informação atualizada sobre eventos musicais menores, horários de transporte público, e até um mapa offline que funciona sem internet. Evita apps como “Colombia Tourism” ou “Visit Tolima” – têm informação desatualizada e consomem dados desnecessariamente.

A conectividade na cidade é razoável, mas não esperes ter sempre 4G perfeito. As zonas do centro histórico e próximas do conservatório têm boa cobertura, mas alguns bairros mais afastados podem ter sinal fraco. Para quem depende do telemóvel para navegação e partilha em redes sociais, recomendo comprar um cartão SIM local da Claro ou Movistar – custa cerca de 20.000 pesos (5 euros) e dá-te 2GB de dados.

Quanto a pagamentos digitais, a situação ainda é mista. Restaurantes e hotéis maiores aceitam cartão, mas muitos músicos de rua, artesãos, e estabelecimentos pequenos só trabalham com dinheiro. Leva sempre pelo menos 100.000 pesos (25 euros) em notas pequenas.

Uma dica importante sobre bateria do telemóvel: durante eventos longos como concertos no parque ou festivais de rua, há poucos pontos para carregar dispositivos. Descobri que a biblioteca municipal (Biblioteca Darío Echandía) tem tomadas disponíveis e Wi-Fi gratuito – é um óptimo refúgio para recarregar tanto o telemóvel quanto as energias.

Sustentabilidade e consciência cultural

Uma coisa que me marcou em Ibagué foi a consciência ambiental crescente na comunidade musical. Muitos eventos agora promovem práticas sustentáveis, como o uso de copos reutilizáveis e a separação de lixo. Como visitante, podes contribuir levando a tua própria garrafa de água reutilizável – há fontes públicas em vários pontos da cidade.

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Em termos de transporte, sempre que possível opta por caminhar ou usar bicicleta. A cidade tem um sistema de bicicletas partilhadas chamado “Tolibici” que funciona razoavelmente bem no centro. Custa 2.000 pesos (0,50 euros) por hora e é uma forma excelente de explorar a cidade ao teu próprio ritmo.

Quanto à sensibilidade cultural, cometi alguns erros no início que gostaria de te ajudar a evitar. Primeiro: não interrompas músicos durante actuações, mesmo que sejam informais. Espera sempre por uma pausa natural. Segundo: se queres fotografar ou filmar, pede sempre autorização primeiro. Muitos músicos ficam felizes por partilhar a sua arte, mas é uma questão de respeito.

Uma forma genuína de apoiar músicos locais é comprar os seus CDs ou merchandise quando disponível, mesmo que não seja exactamente o teu estilo musical. Estes artistas dependem muito destas vendas para sobreviver, e o teu apoio pode fazer uma diferença real nas suas vidas.

A despedida que não queria fazer

Últimos momentos e reflexões

Chegou o momento de partir, e confesso que foi uma das despedidas mais difíceis que já tive de fazer numa viagem. Não era só o facto de ter passado dias fantásticos – era a sensação de que tinha descoberto algo especial, autêntico, que não queria deixar para trás.

Na manhã da partida, voltei uma última vez ao Parque Centenario, onde tinha conhecido o David. Não estava lá, mas o som da sua guitarra ainda ecoava na minha memória. Sentei-me no mesmo banco onde tínhamos conversado e tentei processar tudo o que tinha vivido nos últimos dias.

A música que me acompanha desde então não é apenas as melodias que ouvi – é toda a atmosfera de uma cidade que vive e respira música. É o som das conversas animadas entre músicos no mercado, o eco dos ensaios que saem das janelas abertas, o ritmo dos passos das pessoas que caminham naturalmente ao compasso dos sons que vêm da rua.

Acabei de receber uma mensagem do David no WhatsApp (trocámos contactos no último dia) a dizer que vai actuar num pequeno festival em Bogotá no próximo mês. Isto faz-me pensar em como estes talentos que conheci em Ibagué estão a espalhar a sua arte pelo país, levando consigo a essência musical desta cidade especial.

A verdade é que já estou a planear o regresso. Não para o próximo festival – esse vai estar demasiado cheio de turistas que, como eu inicialmente, vão à procura do óbvio. Quero voltar numa altura mais calma, talvez em setembro ou outubro, quando posso ter mais tempo para explorar os recantos menos conhecidos, para ter conversas mais longas com os músicos locais, para realmente absorver o ritmo quotidiano da cidade.

O que Ibagué realmente oferece

Ibagué oferece algo que poucos destinos conseguem proporcionar: uma transformação genuína através da música. Não é turismo cultural superficial, onde vês espetáculos organizados para visitantes. É uma imersão real numa comunidade onde a música é parte integrante da identidade coletiva.

Esta experiência não se replica noutro lugar porque é única desta cidade, desta região, desta gente. Podes ouvir música colombiana em qualquer parte do mundo, mas só aqui sentes como ela nasce, como se desenvolve, como molda as pessoas e a comunidade.

Se és o tipo de pessoa que prefere destinos previsíveis, com tudo organizado e sem surpresas, Ibagué talvez não seja para ti. Mas se estás disposto a deixar-te levar, a descobrir, a aprender com pessoas que têm uma paixão genuína pela sua arte, então este é um lugar que te vai marcar para sempre.

O meu conselho final é simples: vai com o coração aberto e os ouvidos atentos. Não te preocupes em entender tudo, em conhecer todos os géneros musicais, em ser o turista perfeito. Deixa-te simplesmente envolver pela magia que acontece quando uma cidade inteira vive ao ritmo da música.

E quando voltares – porque vais querer voltar, tenho a certeza disso – vais perceber que não foste apenas um visitante em Ibagué. Fizeste parte, mesmo que por poucos dias, de algo muito maior e mais bonito do que qualquer atração turística tradicional te poderia oferecer.

Sobre o autor: João dedica-se a partilhar experiências reais de viagem, dicas práticas e perspetivas únicas, esperando ajudar os leitores a planear viagens mais relaxantes e agradáveis. Conteúdo original, escrever não é fácil, se precisar de reimprimir, por favor note a fonte.